13 February 2007

(Sexo) e a Cidade de Antuérpia


Não pode ser mais.

Eu bem sempre digo que de vez em quando me identifico com a Carrie, sentada de sofá/cadeira a escrever uma crónica qualquer sobre a sua cidade. Pois apenas aqui há uma diferença: não estou a escrever da minha cidade mas sim da cidade onde estou, há 4 dias: Antuérpia.

Da última vez que aqui estive (o ano passado) não fiz outra coisa a não ser perder-me, pelas ruas e pelos escritórios onde estive, em trabalho.

Desta vez, mais dias, mais companhia e tudo foi bem diferente.

Sabem bem que não sou daquelas intelectuais armadas ao cagarelho e portanto dou-vos aqui a minha visão simplista, objectiva do que é esta cidade (apesar de até ter feito de turista - até fui à casa do Rubens - pintor do sec. XVIII).

Pois esta cidade é um misto de Amsterdão (a 2 horas de carro) e Lisboa.
Porquê Amsterdão, perguntam vocês? Porque tem um bocadinho daquele ambiente misto, periogoso, decadente que Amsterdão, apesar de não tão excessivo (nem nas bicicletas).

É uma cidade equilibrada, com imensas ruas relativamente limpas e com bom aspecto, boas lojas com coisas interessantes, desde de roupa (não fosse Antuérpia uma das capitais da moda europeia - Birkenbergs e afins) até outras mais características, muito próprias, que eles fazem questão de manter: o Gin, Cerveja, Flores, Chocolate.
Também o nacionalismo à la Francesa eles fazem questão de manter - eles dizem não falar Holandês (apesar de basicamente ser). Eles falam Finish, ou seja Holandês, com muito pequenas nuances próprias, ou então Francês. Inglês, também arranham.

E porquê Lisboa? Porque tem um rio relativamente largo, grande porto europeu, que separa as duas margens da cidade (o centro, cidade propriamente dita, e os subúrbios aka Margem sul e porque, de algumas coisas que me apercebi, em muitas delas me recordei de Lisboa: os preços muito idênticos, a nuance de cidade fashion (os restaurantes tipo a Pizzaria do Lux, Bica no Sapato, aqueles mais tradicionais, aqueles mais familiares, tudo disponível).
Também a organização das ruas comerciais (uma grande rua tipo Rua Augusta é a principal), e o facto de a parte mais baixa da cidade ser tipo a nossa Baixa (onde se junta tudo o que é menos bom e até onde há uma estação dos comboios - a Central Station) - tudo isto me fez lembrar um bocadinho Lisboa.

Apenas numa coisa são totalmente diferentes: tudo fecha às 18 excepto restaurantes e pubs e também não existem centros comerciais abertos a partir dessa hora. Como é possível?! Maria Arturette e Fernandette morriam...

Deixo-vos com uma foto de uma das praças principais, por onde passei várias vezes nos passeios que fiz - chama-se 'Grote Markt", a Praça Grande de Antuérpia, que tem a estátua do soldado romano Silvius Brabo. Reza uma lenda que foi ele um dos protagonistas da história que deu nome à cidade cujo nome deriva de "Hantwerpen": havia um gigante que dominava uma curva do rio Escalda e exigia a todos os navegantes que lhe pagassem pequenas fortunas para poderem passar, cortando uma mão a quem não o fizesse; então um dia apareceu Silvius Brabo, que derrotou o gigante num combate leal e lhe aplicou o mesmo castigo, cortando-lhe a mão ("hant", em holandês) e arremessando-a ("werten") ao rio. O local onde a mão acabou por dar à margem é aquele onde agora se ergue a cidade de Antuérpia.

Que bichisse...

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